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MPRJ obtém condenação máxima para ex-marido que assassinou juíza

Inserido em 18 de novembro de 2022
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O MPRJ obteve a condenação de Paulo José Arronenzi a 45 anos de prisão pelo assassinato de sua ex-esposa, a juíza Viviane Vieira do Amaral Arronenzi. O resultado foi obtido na última sexta-feira (11), por meio da 2ª Promotoria de Justiça junto ao 3º Tribunal do Júri da Capital.

O crime foi cometido em 24 de dezembro de 2020, na Barra da Tijuca. Viviane foi atacada a facadas ao descer do carro para deixar as filhas com o ex-marido, com quem passariam o Natal. Ela foi morta na frente das três crianças. Paulo José Arronenzi foi condenado por homicídio com os seguintes agravantes: por meio cruel, pois foram múltiplas facadas no corpo e no rosto da vítima, que lhe causaram intenso sofrimento; por motivo torpe, o inconformismo com o término do relacionamento; do recurso que possibilitou a defesa da vítima; do crime ter se dado em contexto de violência doméstica e notadamente pelas consequências financeiras, uma vez que ele não trabalhava há seis anos e usufruía da renda da vítima.

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A promotora de Justiça Carmen Carvalho, que trabalhou no caso, contou que o júri foi tenso pelas emoções envolvidas. Segundo ela, o clima foi de “muita dor expressada pelas testemunhas próximas à vítima. Foram momentos de muitas lágrimas”.

Carmen Carvalho afirmou que “a estratégia foi mostrar o quão nefasto é o feminicídio no Brasil, sua abrangência e pelos ciclos que todas as vítimas passam, a saber: violência psicológica (não raro começa com ‘brincadeiras’ que atribuem à vítima qualidades negativas); isolamento (o autor isola a vítima da sua família e amigos, deixando-a mais vulnerável ao mau trato); violência física com pedido de desculpas; e, por fim, mais violência física culminando na morte”.

A promotora destacou também a importância de dar visibilidade a casos como esse e lembrou os números de 2022. Segundo o Instituto de Segurança Pública, de janeiro a setembro deste ano, o estado do Rio registrou 82 casos de feminicídio. O número é 60% maior do que o registrado no mesmo período do ano passado. “O tema, feminicídio, precisa ter sempre visibilidade. Precisamos reverter nosso lamentável índice. O autor dos crimes qualificados como de violência doméstica vê a mulher como alguém menor do que ele em seu direitos e , por conseguinte, vontade. Ele menospreza a mulher e sente que ela tem que se submeter à sua vontade. Quando não o faz , escolhe puni-la pela violência”, afirmou Carmen Carvalho.

Viviane Vieira do Amaral tinha 45 anos ao ser morta. Ela integrou a Magistratura do estado do Rio de Janeiro por 15 anos e atuava na 24ª Vara Cível da Capital. Magistradas e magistrados que conviveram com a juíza, amigos e parentes acompanharam o julgamento.