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‘Senna’, da Netflix, é destaque da coluna de cinema de Patricia Carvão

Inserido em 6 de dezembro de 2024
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Por Patricia Carvão

Começo a coluna desta semana com a série sobre a vida de Ayrton Senna. Eu gostei muito! São seis episódios cheios de adrenalina e emoção que vão agradar até mesmo aqueles que não são fãs da Fórmula 1. A narrativa nos mostra Senna com seus defeitos e suas qualidades, que o fizeram ser quem foi: um homem competitivo, que nunca escondeu sua busca obstinada pela vitória. Acima de tudo, um homem com princípios, ético e verdadeiro, que buscava vencer sem trapacear, sempre tendo lutado pelo que julgava correto e ético.

Gabriel Leone está ótimo em cena. Li críticas negativas a “Senna”, no sentido de que algumas pessoas importantes na vida do piloto teriam sido deixadas de lado. O produto final, contudo, me pareceu muito bom! O texto abaixo reproduz uma fala do próprio Ayrton Senna, inserida ao final do último episódio:

“Eu realmente sou privilegiado, sempre tive uma vida muito boa. Mas tudo isso que eu consegui foi através de dedicação, perseverança e muito desejo de atingir os meus objetivos, muito desejo de vitória.  Vitória na vida e não vitória como piloto. E a vocês todos que assistirem e estão assistindo agora, eu digo, seja quem você for, seja qualquer posição que você tenha na vida, do nível altíssimo ao mais baixo social, tenha sempre como meta muita força, muita determinação e sempre faça tudo com muito amor e com muita fé em Deus que um dia você chega lá. De alguma maneira você chega lá.”

Disponível na Netflix.

Minha outra sugestão é um filme francês muito forte, muito violento e também muito bom: “Athena”.

Após a morte de um adolescente supostamente atribuída à polícia francesa, uma verdadeira guerra civil acontece na França, em represália ao ocorrido. A polícia tenta cercar o conjunto habitacional (que dá nome ao filme) onde residia a vítima e também onde estariam os líderes do movimento. A produção é grandiosa e prende a atenção até o minuto final. A direção é de Romain Gravas e o roteiro foi escrito em conjunto com Ladj Ly, diretor do também maravilhoso filme francês “Os Miseráveis” (Já assistiu? Imperdível também).

“Athena” é daqueles filmes de fazer faltar o ar! Não deixe de conferir. O filme é pesado, angustiante e ao mesmo tempo maravilhoso.

Disponível na Netflix.

Trago ainda “O Patrão: Radiografia de Um Crime”, uma produção argentina de 2014, dirigida por Sebastián Schindel. O filme é baseado no livro homônimo de Elías Neuman e conta a história de Hermógenes, um homem simples que se muda de uma pequena cidade (Santiago del Estero) para Buenos Aires em busca de melhores condições de vida e de trabalho. Ele acaba trabalhando como açougueiro para um patrão desonesto, que o submete à toda sorte de privações e humilhações em troca de moradia e trabalho.

A situação se arrasta e vemos o crescimento do desespero de um homem levado ao seu limite, até o dia em que finalmente reage à violência e à crueldade que lhe eram impostas. A partir de então, temos à nossa frente uma narrativa sobre as fragilidades e limitações apresentadas pela Justiça.

O filme provoca muita inquietação, pois aborda temas sensíveis a qualquer um de nós, como a exploração de um ser humano por seu semelhante, a desigualdade social e a injustiça oriunda da manipulação do sistema.

Recomendo ainda outros bons filmes dirigidos por Sebastián Schindel: “O Filho Protegido”, “Crimes de Família” e “A Ira de Deus”. Todos estão disponíveis no catálogo da Netflix.

Disponível na Netflix.

“Mulheres Ocultas” é uma obra do diretor taiwanês Joseph Chen-Chieh. A narrativa traz a história de uma família composta por mulheres: a matriarca, Chen, e suas três filhas, além da neta Clementine.

Chen criou suas filhas com muita luta, sem a presença paterna. Com o tempo, precisou se enrijecer para dar conta de todos os percalços experimentados. A narrativa reproduzida pela mãe às filhas é a de que o pai nunca teria exercido bem a função paterna, tendo abandonado a família para ir viver com outra mulher. Quando se aproxima, porém, a data da festa de aniversário de 70 anos da matriarca, a família é surpreendida com a notícia do falecimento de seu ex-marido, pai das meninas. Apesar do pouco contato, a preparação da cerimônia fúnebre paterna faz com que as filhas acabem buscando melhor entender o que de fato houve no passado.

Entre erros e acertos, a mãe começa a dividir com as filhas a história de vida do casal, as dificuldades enfrentadas e a ruptura do relacionamento, o que faz com que as filhas passem a compreender melhor a amargura da mãe e a figura do pai distante. Ao mesmo tempo, a partilha da narrativa com as filhas permitirá a Chen fazer as pazes com a sua própria história, sendo capaz de perdoar não só o ex-marido, como também a si mesma.

O filme tem frases muito bonitas, tais como “Humanos são irracionais; sabemos que algo nos faz mal, mas insistimos naquilo” e “Olhar para trás talvez seja apenas um esforço inútil”. Um filme delicado, sensível e acima de tudo humano.

Disponível na Netflix.

 

Encerro a coluna também com a indicação de um filme argentino chamado “GOYO”, dirigido por Marcos Carnevale. Um drama romântico que conta a história de Goyo, um homem com Transtorno do Espectro Autista (TEA), interpretado pelo uruguaio Nicolás Furtado. Goyo trabalha como guia no Museu de Belas Artes de Buenos Aires e sua rotina é completamente alterada quando ele conhece Eva, a nova segurança do museu, interpretada por Nancy Dupláa. Eva está saindo de um relacionamento conturbado e violento com o ex-marido e acaba por desenvolver um vínculo de afeto com Goyo.

O filme aborda temas como o amor, o autoconhecimento e as dificuldades enfrentadas por pessoas com TEA. Seria possível esse relacionamento tal qual mostra o filme? Afinal, o que cada um de nós busca no parceiro escolhido?

Disponível na Netflix.

Agora é só providenciar a pipoca e tentar escolher qual estilo de filme te agrada mais!

Bom final de semana!