
Junho é o Mês do Orgulho LGBTI+. Neste período de celebração e resistência, somos convidados a refletir sobre respeito e diversidade, combustíveis para uma sociedade mais unida e igualitária. As artes têm um papel fundamental na promoção da justiça social — e não faltam bons filmes que exaltam as lutas, as vivências e as identidades da população LGBTI+. Na primeira coluna deste mês, trago uma lista de longas-metragens imersos nessa temática.
O Segredo de Brokeback Mountain
Você gosta de histórias de amor?
Então, com certeza você vai adorar “O Segredo de Brokeback Mountain”, disponível no Telecine (via Globoplay) e outras plataformas de streaming.
O filme de 2005 é dirigido por Ang Lee, mesmo diretor de “As Aventuras de Pi”. A trama apresenta Jack e Ennis, dois vaqueiros — ou caubóis — que se conheceram no verão de 1963 quando foram trabalhar para um rancheiro que criava ovelhas no estado americano de Wyoming.
Na solidão, no frio e na dureza vivida por ambos no ambiente inóspito da montanha, eles acabam naturalmente se envolvendo — e afastando-se, porém, tempos depois. O sentimento que um nutria pelo outro faz surgir uma história de amor, um sentimento tão forte e intenso que nem mesmo o tempo pode apagar.
Jack e Ennis de fato se amavam, mas cada um amava à sua maneira: um precisava mais da presença física; o outro era mais racional, frio e realista. O outro era sentimento puro, idealista, sonhador. Um era capaz de se entregar perdidamente à paixão; o outro, embora também a vivesse, era mais reticente.
Estas formas diferentes de amar acompanham essa história de amor nascida nas montanhas por muitos anos, trazendo alegrias e tristezas para a vida de cada um.
Uma Mulher Fantástica
O drama chileno “Uma Mulher Fantástica” fomenta a empatia da sociedade com a questão da transexualidade. Interpretada por Daniela Vega (que atua como Marina), o filme conta a história de uma mulher trans que perde seu namorado, um homem mais velho, de forma inesperada.
A partir desse luto, o longa-metragem mostra a humilhação que Marina sofre por parte da família do namorado — que não reconhece o relacionamento do casal —, do médico que os atende no hospital e da polícia, dirigindo o foco para a violência presente no cotidiano das pessoas transexuais.
“Uma Mulher Fantástica” mostra de forma muito empática o que é ser vítima da intolerância e convida seu público a refletir sobre as experiências de Marina — interpretada por uma atriz trans que imprime veracidade ímpar ao papel.
Infelizmente, não há opções de streaming no momento, mas vale ficar de olho.
Desobediência
O filme aborda a questão do judaísmo ortodoxo e o que significa pertencer a essa religião, principalmente para uma mulher. Imposições na forma de se vestir, de falar, de se comportar — e de amar. Precisa haver uma entrega, uma obediência e uma concordância que exigem fidelidade completa aos princípios morais e religiosos pré-estabelecidos. O que pode acontecer quando alguém fora da comunidade religiosa chega com outros valores e questionamentos nesse mundo de significados e dogmas? É essa a história do filme.
Ronit, interpretada por Rachel Weisz, retorna à cidade onde havia vivido após saber da morte de seu pai, o rabino Rav, de quem vivia afastada. Ela reside em Nova York e não falava com ele havia muito tempo. Ao chegar, ela encontra Esti e Dovid, antigos amigos de infância, agora casados e fiéis seguidores dos preceitos religiosos, dotados de uma resignação absoluta.
Liberdade, sexualidade e fé entram em choque a partir de então — e as escolhas de Ronit, Esti e Dovid serão colocadas à prova. Fica claro no filme que a liberdade, apesar de ser uma necessidade básica e vital, pode ter regulações diversas para cada um de nós. Pode não ser um valor tão absoluto para alguns, para quem a segurança, a estabilidade e a proteção podem trazer compensações e caminhos possíveis, que caibam dentro do próprio valor da liberdade. A fé estaria acima de qualquer escolha — até mesmo do próprio amor.
O que significa, de fato, ser livre? Fica evidente no filme que, para alguns, o direito de ser livre parece ser mais fácil de conquistar e de exercer do que para outros. Desfazer amarras e se libertar tem um preço para cada um de nós.
“Desobediência” está disponível na Apple TV, no Google Play, na Claro Video e em outras plataformas de streaming.
A Garota Dinamarquesa
Einar Wegener, pintor interpretado por Eddie Redmayne — que foi indicado ao Oscar por sua atuação —, não se identifica em seu corpo masculino e deseja efetivamente assumir-se como mulher e se transformar em Lili, ainda que isso significasse correr todos os riscos e dores, passando pelo calvário de uma cirurgia de mudança de sexo, algo ainda experimental na década de 1920.
O trabalho artístico de Redmayne como a personalidade feminina Lili — seu gestual e sua expressão corporal, por exemplo — é impressionante. O filme trata da busca por uma outra identidade, como um fato que parece ter sido aceito pelo personagem por longos anos até a idade adulta. Vale conferir!
O longa-metragem está disponível no Prime Video, na Apple TV e em outras plataformas de streaming do mercado.
Filmes são sempre uma possibilidade de vivermos histórias que, embora não sejam nossas, nos permitem conhecer e simpatizar com realidades diferentes. Nesse espírito, convido todas e todos por aqui a percorrerem os diferentes roteiros e narrativas sugeridos na coluna.
Bom final de semana!