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Patricia Carvão recomenda seleção eclética de filmes para assistir no fim de semana

Inserido em 3 de julho de 2025
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Dias de descanso no horizonte e nada melhor que recostar-se no sofá, preparar uma pipoca e dar play em um bom filme. Mas, diante de tantas opções no streaming, como escolher as melhores produções? Com um mix de longas de diferentes gêneros e origens, a colunista de cinema da Amperj, Patricia Carvão, te ajuda com esse dilema. Confira a seleção da vez!

Por Patricia Carvão

“Sex” (2024) e “Love” (2024), compõem, junto com “Dreams” (2025), a trilogia do diretor norueguês Dag Johan Haugerud. Os dois primeiros títulos já estão disponíveis no streaming — assisti no Reserva Imovision. Esses filmes podem agradar quem busque títulos cuja proposta seja trazer um olhar sobre os paradoxos do nosso existir.

Questões contemporâneas sobre o comportamento humano, envolvendo sexualidade, gênero, afetos e desejos, mesmo os mais íntimos, são tratadas de forma sincera e honesta pelo diretor, trazendo um panorama muito concreto sobre a sociedade atual. As narrativas trazem diálogos profundos — em muitos momentos o ritmo é lento, mas sempre instigante.

“Dreams” (2025) é o terceiro filme da trilogia e acaba de chegar aos cinemas. Como nos dois outros filmes, também apresenta densos diálogos sobre questões que nos atravessam. Aqui, a abordagem do diretor se constrói através da descoberta da paixão por uma adolescente. O sentimento é tão puro, singelo e sem censura, embora intenso, que ela precisa colocá-lo em palavras para dar conta da pulsão que a paixão lhe traz, que atropela todo o seu existir. Ocorre que esse sentimento tem como destinatária a sua professora de francês na escola — e isso direciona toda a narrativa e seus desdobramentos.

O filme fala sobre o despertar do desejo, dos sonhos e fantasias que chegam junto com a primeira grande paixão. Ao mesmo tempo, a narrativa mostra o que acontece quando o amor de Johanne sai de sua cabeça para o mundo real. Quem somos sem os nossos sonhos? É possível existir sem fantasiar a realidade ao redor, ou sem sonhar? Interessante também neste filme observar como a avó e a mãe começam a se questionar sobre suas próprias experiências através dos relatos de Johanne. Vale a pena assistir!

É possível surgir um afeto puro e verdadeiro, que pode unir duas pessoas, de forma absolutamente desinteressada? É possível formar uma amizade capaz de fornecer trocas profundas, compreensão e carinho com pessoas que conhecemos através da rede social? O filme “Um pai para Lily” (2024), da diretora Tracie Laymon, fala justamente sobre isso.

A produção trata de duas pessoas que criaram uma ligação forte, na qual ambas se compreendiam mutuamente, por partilharem buscas, faltas e vazios semelhantes. Em uma linda interação durante um passeio, Bob diz para Lily: “Eu quis dizer que todos nós somos um pouco quebrados.” Não é a mais pura verdade, afinal? Sorte de quem tem por perto pessoas que são capazes de se doar de forma desinteressada. Tempo e afeto é o que de melhor podemos entregar para alguém.

Lembrei de uma frase bonita que outro dia falei para uma amiga, de Albert Camus: “Não ser amado é uma simples desventura. A verdadeira desgraça é não saber amar.”

Na dúvida, sempre demonstre afeto. Ame.

Depois de assistir “Um pai para Lily” — disponível na Netflix e no Prime Video —, você certamente entenderá melhor o que quero dizer por aqui.

“Vitória”, com uma atuação maravilhosa da lendária Fernanda Montenegro, já chegou ao Globoplay. A narrativa nos oferece um retrato muito fidedigno das batalhas e desafios enfrentados pelas vítimas da violência urbana, mais notadamente as que residem em — ou perto de — comunidades dominadas pela criminalidade. É um sofrimento diário de muitas humilhações, medo, insegurança, desespero e injustiça.

As vítimas que são inseridas nos programas de proteção de testemunhas têm suas vidas transformadas de forma abrupta, precisando deslocar-se para esconderijos onde vivem, privadas dos vínculos sociais construídos nos territórios antes habitados. No filme, a personagem de Fernanda Montenegro questiona, em um primeiro momento, a efetiva necessidade de se esconder e ser inserida no programa de proteção. Ao ser informada sobre as restrições que precisará enfrentar, ela indaga: “Quer dizer que eu tenho que morrer para não ser morta?” O filme é inspirado em uma história real.

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“Lemon Tree” (2008) é um filme israelense, no qual uma viúva palestina planta limoeiros em seu quintal. As árvores são sua razão de viver — e todos os dias ela cuida delas e do solo, recolhendo os frutos caídos.

Eis que o Ministro da Defesa de Israel se muda para uma residência que fica exatamente ao lado dessa plantação. Por motivos de segurança, resta decidido que a plantação precisa ser derrubada, para desespero de sua proprietária. A esposa do ministro se sensibiliza com a história e com o impacto da decisão na vida daquela mulher. A questão é levada à Justiça, que precisará decidir quem tem razão.

O filme aborda os aprisionamentos femininos experimentados por ambas as mulheres, ainda que pertencentes a realidades financeiras totalmente diversas. A análise do pedido pela Justiça israelense também é interessante! Gostei — e está no Prime Video!

Bom feriado!