Notícia

Revista Amperj: Aos 40 anos, Camperj mira na modernização da gestão

Com 3.600 beneficiários, entidade teve serviços muito bem avaliados em pesquisa de opinião feita na pandemia

Inserido em 18 de agosto de 2021
Compartilhamento

Por Roberta Pennafort

Tendo como nortes a excelência na prestação de serviços de saúde, a profissionalização da gestão e a modernização da governança, a Camperj comemora 40 anos de atividades em setembro.

Com uma rede credenciada que contempla os principais hospitais, clínicas, laboratórios e médicos do Rio de Janeiro, a Caixa de Assistência do Ministério Público atende a cerca de 3.600 beneficiários, membros do MP e seus dependentes. Em 2020, a pandemia da Covid-19 trouxe a necessidade de rápida adaptação. O resultado deste esforço foi aferido por uma pesquisa de opinião realizada entre os beneficiários.

Segundo o levantamento, a partir de dados dos coletados no mês de junho do ano passado, a nota média dada à Camperj foi 8,78 (sendo 10 a máxima), o que ilustra o alto grau de satisfação dos associados com os serviços. A cada dez pessoas ouvidas, seis conferiram nota 9 ou 10 à entidade. Entre os pontos positivos, foram destacadas a qualidade e a agilidade no atendimento, a clareza nas informações prestadas e a excelência da rede credenciada.

Fundada em 21 de setembro de 1981, a Camperj se mantém desde então como uma entidade sem fins lucrativos: os recursos das mensalidades são direcionados ao aperfeiçoamento dos serviços prestados. Os médicos credenciados somam em torno de mil. A cobertura de hospitais, clínicas e laboratórios é ampla com características especiais em relação aos planos de saúde de melhor aceitação no mercado, diz o presidente, procurador de Justiça Eduardo da Silva Lima Neto.

Nesta entrevista, ele fala dos desafios e avanços da gestão, iniciada em 2017.

REVISTA DA AMPERJ: São quatro décadas de Camperj. Como analisa essa trajetória?

EDUARDO DA SILVA LIMA NETO: Os grandes desafios que marcam esses 40 anos são a necessidade de adaptar as atividades às novas demandas na área da saúde e às transformações por que passa o estado do Rio, assim como o permanente exercício de racionalização dos recursos. Mudanças exógenas acabam repercutindo na Camperj. O estado vive um plano de recuperação fiscal, o que alcança também as instituições permanentes, como o Ministério Público. Não se pode aumentar as despesas. Então como proceder em relação às cláusulas firmadas com unidades hospitalares e clínicas? É preciso manter a racionalização sempre à vista.

RA: Que balanço faz dos quatro anos de sua gestão?

EN: A diretoria atual recebeu a Camperj em setembro de 2017. Àquela época, havia dívidas com instituições bancárias, uma situação muito apertada. Hoje, temos uma ótima reserva financeira, e conseguimos conferir transparência muito grande aos gastos. Os balancetes mensais e relatórios da auditoria externa independente, realizada pela empresa Grunitzky, estão à disposição dos interessados. A satisfação dos beneficiários demonstra que estamos no caminho certo. Temos também o Projeto Abraça Camperj, nosso Programa de Voluntariado, que será implementado em breve e que visa incentivar e reconhecer ações voluntárias dos associados, dependentes e colaboradores. Com isso, a Camperj, em seu papel de empresa-cidadã, se junta aos esforços por uma sociedade mais justa, com diversos focos de atuação: assistência, ambientalismo, direitos humanos, educação e saúde.

RA: Quais são os nortes desta diretoria?

EN: Transparência, modernização e profissionalização da gestão, sustentabilidade do plano. Criamos órgãos internos que embasam isso. Temos uma auditoria interna, ainda dentro dos hospitais, e externa também. Contratamos uma superintendência no mercado, uma diretora médica para consultoria, uma empresa de auditagem. Tudo isso faz a diferença. A rede credenciada hoje está sedimentada, oferecendo o que existe de mais moderno e qualificado. Trabalhamos para deixar os planos cada vez mais adequados ao mercado e sustentáveis.

RA: A percepção dos beneficiários reflete esses esforços?

EN: Quando ouvimos os membros do Ministério Público, a Camperj é unanimidade. A saúde é um ponto muito sensível para todos nós, ainda mais depois do surgimento da pandemia da Covid-19. Temos uma instituição em que não há interesse de lucro, de aumento patrimonial, mas sim um caráter de servir aos beneficiários, com boa vontade total e atendimento personalizado. Os membros do MPRJ, seus dependentes e a Camperj constituem uma grande família. Estamos sempre inovando. Cada vez mais temos descobertas da ciência aplicada à área da saúde, como o avanço de fármacos.

RA: Qual a leitura que faz da pesquisa de opinião feita em 2020?

EN: Fizemos a pesquisa por telefone, com coleta de dados em junho de 2020, para aferir o grau de satisfação, de conhecimento de alguns serviços, para identificar as formas mais adequadas para passar informações e captar críticas e sugestões. Ouvimos 437 entrevistados e foram levados em conta cerca de mil credenciamentos médicos. Ganhamos nota 8,78 com 63% dos entrevistados com alta satisfação com a Camperj. As melhores avaliações foram em relação ao atendimento presencial, atendimento telefônico, clareza e qualidade nas informações prestadas. Como sugestões, recebemos as demandas de ampliar a rede de credenciamentos na capital, interior e fora do estado, inclusive especialidades como psicologia, psiquiatria e geriatria. Também nos foi solicitada a inclusão de hospitais de primeira linha da Zona Sul carioca, como Samaritano e Copa Star, além de aprimoramento do reembolso aos médicos. Estamos atentos a todas as demandas.

RA: Que vantagens a Camperj oferece em relação a planos de saúde?

EN: Nosso atendimento é muito personalizado, e a rede não deve nada à praticada pelos melhores planos. Nosso beneficiário não é atendido por um robô. Criamos uma central com atendentes treinados, disponível 24 horas por dia. Temos o atendimento virtual e o presencial, na Rua do Ouvidor, nº 60, à qual retornamos com todos os cuidados, próprios da necessária prevenção da Covid-19. As pessoas são cada vez mais longevas, demandam uma maior gama de tratamentos, e estamos olhando tudo isso. Por exemplo, recentemente foi divulgado que a Agência Nacional de Saúde Suplementar determinou a não existência de limites para atendimento da área de fisioterapia. Isso acontece o tempo todo, e precisamos ir nos adequando.

RA: Como equacionar tudo isso à luz da necessidade permanente de racionalização dos recursos?

EN: De um lado há um garroteamento, a impossibilidade de se aumentar os custos; de outro, nossos compromissos, dos quais não podemos abrir mão. Sempre vamos oferecer os melhores convênios, exames, tratamentos, hospitais, clínicas. Temos procurado modernizar as regras de gestão. Fortalecemos muito as auditorias e controles. É tudo feito com muito rigor. Eu me cerquei de uma assessoria composta por médicos experientes.

RA: Como essa assessoria funciona?

EN: Na hora de firmar contratos com hospitais, tenho o respaldo desses profissionais experimentados e, por consequência, conseguimos celebrar contratos justos. Assim, as tarifas que praticamos seguem bastante adequadas ao mercado. Tenho formação jurídica, não médica, tampouco em administração na área médica, que é uma especialidade. Na época da fundação da Camperj, o espírito era o de prestar o melhor serviço para os membros. Só que o mundo ficou muito mais complexo, e as relações comerciais também. O espírito se mantém, mas são muitos os desafios.

RA: Como a Camperj se adaptou à nova realidade trazida pela Covid-19?

EN: A pandemia teve um efeito profundo na saúde e na economia, para todo o mundo. A Camperj se adequou rapidamente, seguindo as regras do mercado. O conceito de uso racional do plano é chave, mas não requeremos pré-autorização para exame RT-PCR, de detecção da Covid-19, por exemplo. Com a carteirinha na mão, ou no celular, na versão virtual, o beneficiário vai a qualquer hospital ou clínica da rede credenciada com o pedido médico, marca e faz seu teste. O mesmo vale para consultas.

RA: O senhor traz muita experiência do MPRJ como gestor. Como é aplicada?

EN: Estou sempre me aprimorando e me capacitando. Além da formação jurídica, sou técnico em contabilidade e psicólogo, tudo isso ajuda. Estou no quinto mandato de subprocurador-geral de Justiça de Administração, é meu 13º ano. Sou pela segunda vez conselheiro do RJPrev, a Fundação de Previdência
Complementar do Estado do Rio de Janeiro. Fiz curso no Instituto Brasileiro de Governança Corporativa. Não paro.

RA: Fale um pouco sobre a governança do MPRJ.

EN: O MPRJ é uma instituição com uma resolução interna que impõe um modelo de governança formado por promotores e servidores, conta com participação do público externo, para a feitura do mapa estratégico do MPRJ, com sua missão, visão e valores. Estamos falando de um modelo de alto nível, com uma metodologia bem feita, projetos submetidos a um fórum de gestão, uma série de órgãos colegiados. Tudo passa por vários órgãos. Presido o Comitê Estratégico de Tecnologia da Informação, assim como a Comissão de Prevenção ao Assédio Moral e a Comissão Permanente de Avaliação de Documentos. Tudo isso enriquece o trabalho na Camperj.

RA: Como lida com as diferenças entre a gestão pública e a privada?

EN: A Camperj é uma empresa privada, e a gestão difere daquela adotada na esfera pública, em que há menos liberdade, por causa da lei de licitações. Usamos regras e princípios que otimizem os recursos das mensalidades pagas. Pleiteamos no mercado para conseguir os melhores preços, sempre.

RA: Conte um pouco de sua trajetória.

EN: Eu me formei em Direito pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro em 1982 e neste mesmo ano, aos 22 anos, fui aprovado no Concurso para Ingresso na Carreira do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro. Na instituição, exerci diferentes funções como promotor, além das administrativas,
de chefia de grupos, em áreas como cível, criminal, família e Direito público, e também em relação à gestão pública. Como subprocurador-geral de Justiça de Administração, administro orçamentos de grande vulto. Também já fui subprocurador-geral de Justiça de Planejamento, função que me deu experiência com as mais modernas ferramentas de governança, agora também aplicadas ao setor privado, na Camperj.

Descubra a nova Revista da Amperj!