Promotoras falaram sobre Justiça Restaurativa, violência institucional e violação de direitos de crianças e adolescentes na internet.
por Lúcio Santos
Os adolescentes foram o tema da mesa “Violação dos Direitos de Crianças e Adolescentes na Internet e Justiça Restaurativa no Sistema Socioeducativo”. As promotoras de Justiça que participaram do debate, sob a mediação do procurador Marcos Fagundes, defenderam um olhar mais humanizado tanto para aqueles que cumprem medidas socioeducativas como para os que cometem infrações na internet com a divulgação de vídeos.
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Roberta Rosa Ribeiro defendeu a Justiça Restaurativa dentro de uma perspectiva mais ampla, indo além do acordo. Ela apresentou o Projeto Degase, que vem sendo realizado pela Coordenadoria de Mediação, Métodos Autocompositivos e Sistema Restaurativo (Cemear), do MPRJ, e pelo Degase. “Os principais desafios são pensar nas escolhas dos adolescentes a serem atendidos pela equipe, efetuar mais atendimentos e encaminhar as demandas apresentadas junto ao MPRJ e ao Degase, como relatos de tortura e saúde mental.”
A força-tarefa Degase, criada em julho de 2021, foi destacada pela promotora Fernanda Sodré. Ela explicou que o grupo foi a resposta às denúncias de abusos sexuais na unida- de feminina Professor Antonio Carlos Gomes da Costa, e a conclusão do trabalho se deu em agosto de 2022, com o afastamento e prisões de agentes autores de violência institucional. Também foi desenvolvido, com o Cemear, o projeto-piloto de atendimento às famílias das adolescentes vítimas, além de escaneamento da unidade realizado pelo Dedit.
Na unidade masculina Escola João Luiz Alves, 21 agentes socioeducativos e quatro diretores foram afastados, por suspeita de serem autores de violência institucional. Houve recomendação para mudanças estruturais na unidade, após serem identificadas irregularidades e denúncias de tortura – que resultaram na suspensão cautelar do serviço público de 30 agentes.
Fernanda explicou que, após o fim da força-tarefa, foi criado um Grupo de Trabalho no MPRJ para tratar dos casos de violência institucional em reuniões mensais e elaboração de formulários sugestivos de atendi- mento dos adolescentes.
A violação dos direitos de crianças e adolescentes na internet foi abordada pela promotora Rosana Cipriano. Ela ressaltou que crianças e adolescentes são produtores e consumidores de conteúdo, e o controle é muito difícil. Rosana citou alguns termos em voga na internet que podem provocar problemas jurídicos, como o “sharenting” (postagens excessivas de imagens dos filhos); o “sexting”, compartilhamen- to de nudes; e o “grooming”, que é o assédio virtual a menores de idade. Ela defende a orientação e o esclarecimento aos jovens sobre as consequências da divulgação dessas imagens.
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Foto: Bruno Bou Haya/Amperj