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Revista: Integrantes do 1º Concurso da Guanabara celebram 60 anos de posse

Inserido em 25 de julho de 2023
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Procuradores de Justiça aposentados relembram momentos da carreira

por Bruna Ximenes

A rua Rodrigo Silva, 26, no coração do Centro do Rio de Janeiro, foi o local de reencontro dos procuradores de Justiça aposentados Sérgio de Andréa, Sylvio Tito de Carvalho e David Milech. Luiz Sérgio Wigderowitz, o quarto integrante confirmado no almoço de comemoração dos 60 anos do Concurso de 1963, o primeiro do Estado da Guanabara, não pôde comparecer por questões de saúde. Mas foi lembrado pelos colegas, que contaram muitas histórias deles e dos 24 aprovados que ingressaram no MP de 1963 a 1965.

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Ao chegarem à Amperj, em 5 de junho, embora não a visitassem há algum tempo, o espaço era lugar-comum a todos. Pelos corredores, foi possível observar conversas bem-humoradas e a estreiteza da relação, que o tempo não deu conta de diminuir. “Naquela época, não tínhamos ideia de que estávamos fazendo história”, disse David Milech, ao lembrar que o seu concurso se tornaria mais tarde o modus operandi da instituição.

Dos seis remanescentes dos 24 aprovados, somente Luiz Sérgio Wigderowitz, David Milech, Sérgio de Andrea e Sylvio Tito de Carvalho permaneceram na carreira. Mário Slerca Júnior e Humberto Paschoal Perri se dedicaram à magistratura. Luiz Leonardos não tomou posse.

David Milech disse que a instituição foi sua única pretensão jurídica. “O MP foi o meu ideal de vida, para sempre fazer o melhor”, afirmou. Ele trabalhou junto à 11ª Vara Criminal, mas foi na Defensoria de Família, na Curadoria de Família e na Curadoria de Órfãos que mais encontrou prazer em exercer funções ministeriais.

Em 24 de maio de 1963, Sérgio de Andrea Ferreira tomava posse como defensor público, o cargo inicial da carreira naquela época. Ele foi o primeiro colocado do 1º Concurso da nova unidade da Federação, criada com a mudança da capital federal para Brasília. Além disso, foi orador da turma. Ele e os outros 12 empossados na mesma data foram nomeados com a presença do governador Carlos Lacerda. “Todos ficamos muito amigos porque, fomos os primeiros daquele estado. Foi uma experiência muito boa. Com o tempo, fizemos amizades com membros dos concursos anteriores”, afirmou.

A primeira colocação no concurso é reverenciada pelos colegas. “É uma questão de hierarquia, você sempre tem de ser o primeiro”, disse Milech quando assinaram o descansa-pratos do almoço. Sérgio de Andrea foi procurador-geral de Justiça e participou da elaboração da resolução instituidora do Sistema de Provedoria de Fundações na Curadoria de Fundações, da primeira Revista de Direito do MP-GB (1967) e da criação da Conamp.

Mais idoso do grupo, Sylvio Tito de Carvalho gosta de falar com todos e brincar sobre a própria idade. “Posso, sim, vir até a Associação mais vezes”, responde a uma colega que pede para ele sair mais de casa, “mas já tenho 93 anos nas costas”. Quando prestou o concurso, tinha 34 anos, quase 35, a idade-limite imposta à época. “Era como se houvesse uma espada sobre minha cabeça. Era uma situação insuportável.” Da época no MP, lembra que “algumas vezes levava trabalho para a residência e trabalhava até meia-noite para levar o serviço pronto no dia seguinte”.

Mais tarde, Sylvio se tornou promotor e procurador de Justiça, e foi designado para integrar o GT encarregado de organizar o arquivo de jurisprudência Penal, Civil, Administrativa, Constitucional e outros assuntos de interesse do MP. Quando passou pelo corredor da Amperj, que liga o hall principal ao restaurante, observou atentamente o mural de ex-presidentes, como quem sente vontade de ser transportado para as memórias trazidas por aquelas fotos. 

Luiz Sérgio Wigderowitz não foi ao almoço por questões de saúde, mas participou ativamente da construção do encontro e contou detalhes sobre o concurso. Segundo ele, a banca era composta por figuras importantes e de “alto gabarito”. Ele sempre desejou ingressar no Ministério Público porque o pai era procurador federal.

“Ser aprovado mudou muito a minha vida”, disse. Ele lembra que, quando ingressou no MP, a instituição estava carente de membros. “A carreira até procurador de Justiça era longa”, afirmou. Wigderowitz participa da vida associativa e é integrante do Conselho Consultivo da Amperj. Atuou como chefe da Assessoria Criminal, diretor-geral de Secretaria, diretor do Centro de Estudos Jurídicos, diretor-executivo da Fundação Escola do MPRJ e chefe da Assessoria de Direito Civil, além de professor de Direito Penal de 1967 a 2022.

Ao final do encontro, na hora de cortar o bolo, o presidente da Amperj, procurador de Justiça Cláudio Henrique Viana, disse aos integrantes da Turma de 1963 que “o Ministério Público e a Associação são como uma casa que foi construída da rocha, porque tiveram grandes figuras dando o alicerce para ser o que somos hoje”. E agradeceu o pioneirismo e toda a contribuição dada pelos homenageados ao MP e à Associação.

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