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Simone Sibilio recebe Prêmio Mulheres de Coragem do governo dos EUA

Inserido em 14 de março de 2022
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A promotora de Justiça do MPRJ Simone Sibilio foi uma das 12 mulheres a receber o Prêmio Internacional Mulheres de Coragem (IWOC) deste ano. O prêmio, o segundo ganho por uma brasileira, foi entregue à promotora nesta segunda-feira (14) pelo secretário de Estado dos EUA, Antony J. Blinken, em cerimônia virtual. Desde que o prêmio foi criado, em março de 2007, o Departamento de Estado norte-americano homenageou 170 mulheres de mais de 80 países.

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“As Mulheres de Coragem deste ano estão tornando nosso mundo mais pacífico em quatro continentes, enfrentando desafios complexos, desde crimes organizados até degradação ambiental. Elas estão promovendo os direitos das pessoas LGBTI+, além de mulheres e meninas. Apesar da violência e da prisão, elas persistem”, disse Blinken.

A premiação, que consagra “mulheres que demonstraram extraordinária coragem, força e liderança na melhoria da vida de outras pessoas e de suas comunidades”, contou com a participação da primeira-dama dos Estados Unidos, Jill Biden, que fez um discurso em reconhecimento às homenageadas.

“As mulheres nunca se calaram, mas as mulheres foram silenciadas com violência, com ódio, discriminação e isolamento. Quando levantamos nossas vozes, temos o poder de quebrar os escudos da opressão. Não há verdadeira democracia e verdadeira paz sem as vozes das mulheres. Por 16 anos, essa premiação levantou as vozes das mulheres em todo o mundo. Ela iluminou as lutas e a força das mulheres de todos os continentes”, disse Jill Biden.

O presidente da Amperj, Cláudio Henrique da Cruz Viana; o diretor financeiro, Felipe Ribeiro; e a diretora social, Gláucia Santana, acompanharam o evento no Consulado Geral dos EUA, no Centro do Rio, ao lado do procurador-geral de Justiça, Luciano Mattos, e da cônsul-geral dos EUA, Jacqueline Ward. Também esteve presente à cerimônia a tenente-coronel Priscilla Azevedo, primeira mulher brasileira a receber a premiação (2012).

Ao falar sobre a promotora de Justiça, Jacqueline Ward destacou que “Simone é uma mulher à frente de seu tempo, e que por sua dedicação e experiência profissional foi escolhida pelo Departamento do Estado para receber o prêmio em 2022”. A cônsul disse ainda que a homenagem traduz as prioridades da política externa dos EUA e é um símbolo do compromisso com a valorização e a melhoria da qualidade de vida das mulheres de todo o mundo.

Ex-delegada da Polícia Civil e há 18 anos no Ministério Público, Simone Sibilio é considerada uma referência no combate ao crime organizado. A promotora foi a primeira mulher a comandar o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) do MPRJ. Ela atuou em casos relacionados à lavagem de dinheiro, tráfico de armas e drogas, milícias e crimes transnacionais. A investigação sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes foi um dos casos em que ela atuou.

Em seu discurso de agradecimento, a promotora lembrou de quem a antecedeu na consagração. “Meu coração está cheio de alegria. Jamais imaginei que um dia pudesse receber o Prêmio Internacional Mulheres de Coragem. Apenas duas brasileiras receberam este prêmio, sou a segunda. Há 10 anos, a tenente-coronel Priscilla Azevedo pavimentou este caminho, sendo a primeira mulher brasileira homenageada. A emoção é muito grande!”

Simone Sibilio, que esteve à frente da Diretoria Cultural da Amperj entre 2011 e 2016, destacou ainda o seu trabalho de luta pelas vítimas do crime organizado. “Toda a minha atuação sempre foi pautada pelo sentimento de que é inerente à minha função atuar de forma firme, destemida e com total comprometimento com as vítimas da criminalidade. Especialmente num país que já bateu a triste marca de 65 mil homicídios ao ano, dos quais apenas 5% a 8% são elucidados. Neste cenário, o sentimento é que a coragem de fazer a diferença na defesa da vida faz parte da minha função. Recebo, portanto, este prêmio como resposta da civilização e da humanidade a meu trabalho contra toda esta barbárie. A luta pelos direitos das vítimas tombadas e das famílias enlutadas e desfalcadas pela perda do seu ente querido é uma luta diária que sempre foi a bússola da minha atuação.”

Após a cerimônia, ela participou do International Visitor Leadership Program, um intercâmbio virtual no qual pode trocar experiências com especialistas norte-americanos em sua área.

As premiadas de 2022 são:

Rizwana Hasan – Bangladesh
Advogada que lidera ações de proteção ao meio ambiente e defende a dignidade e os direitos dos marginalizados de seu país.

Simone Sibilio do Nascimento – Brasil
Promotora de Justiça do MPRJ e ex-delegada da Polícia Civil e capitã da Polícia Militar. Desempenha um papel vital no combate ao crime organizado e corrupção pública, milícias e tráfico de drogas.

Ei Thinzar Maung – Burma
Vice-Ministra da oposição pró-democracia da Birmânia NUG para Assuntos de Mulheres, Jovens e Crianças. Foi presa em 2015 por protestar contra uma lei que incluía a proibição de sindicatos estudantis e o ensino em línguas de minorias étnicas.

Josefina Klinger Zúñiga – Colômbia
Defensora afro-colombiana dos direitos humanos e do meio ambiente. Fundou Mano Cambiada (“Mão Trocada”) em 2006 para promover o ecoturismo sustentável em Chocó e capacitar a comunidade local daquela região ao longo da costa do Pacífico, historicamente afetada por conflitos.

Taif Sami Mohammed – Iraque
Assumiu o cargo de vice-ministra das Finanças em 2019 e, simultaneamente, ocupa o cargo de diretora-geral do Departamento de Orçamento. Líder da linha de frente contra práticas corruptas, é conhecida como a “Mulher de Ferro”.

Facia Boyenoh Harris – Libéria
Ativista dos direitos das mulheres e contra a violência de gênero na Libéria. Como co-fundadora da Paramount Young Women Initiative, trabalhou por décadas para combater a agressão sexual generalizada e o assédio de meninas em idade escolar.

Najla Mangoush – Líbia
Primeira mulher ministra das Relações Exteriores da Líbia e a quinta a ocupar tal cargo no norte de África. Especialista em resolução de conflitos, atuou como representante do país na Líbia para o Instituto da Paz dos EUA e como oficial do Programa de Leis de Construção da Paz no Centro para Religiões Mundiais, Diplomacia e Resolução de Conflitos em Arlington, Virgínia.

Doina Gherman – Moldávia
Atua no Parlamento da Moldávia desde 2019, onde defendeu os esforços para promover a inclusão das mulheres e proteger sobreviventes de violência doméstica e de gênero.

Bhumika Shrestha – Nepal
A ativista transgênero tem defendido os direitos das minorias de gênero e a justiça social no Nepal desde 2007. Durante a pandemia da Covid-19, trabalhou junto ao Governo do Nepal para garantir que as necessidades da comunidade de lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros, queer e intersexuais (LGBTQI+) fossem atendidas em nível político.

Carmen Gheorghe – Romênia
Presidente da E-Romnja, ONG que promove os direitos das mulheres romani (ciganas). Trabalhou como gerente de projetos, especialista e instrutora em questões LGBTQI+, gênero e romani para várias ONGs respeitáveis na Romênia.

Roegchanda Pascoe – África do Sul
Defende a paz, a justiça e a inclusão econômica de comunidades historicamente marginalizadas na Cidade do Cabo. Ela continua trabalhando por comunidades mais seguras — especialmente para mulheres e crianças – apesar das ameaças e atentados contra sua vida.

Phạm Đoan Trang – Vietnã
Escritora, blogueira, jornalista e defensora de direitos humanos reconhecida internacionalmente. Cofundadora de várias organizações comunitárias focadas na expansão da participação política e na promoção dos direitos humanos, boa governança e acesso à Justiça.