A procuradora de Justiça Patrícia Carvão, grande fã de cinema, escolheu mais três títulos disponíveis nos principais streamings para este fim de semana. A coluna “Dicas Cinematográficas de Patrícia Carvão” é quinzenal na newsletter da Amperj, sempre postada às sextas-feiras. Excepcionalmente a estamos publicando nesta quinta-feira (28).
Curta as sugestões da cinéfila.
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BETINHO, NO FIO DA NAVALHA
Há muito tempo eu não assistia a um trabalho que me emocionasse tanto como foi o caso da minissérie “Betinho, no Fio da Navalha”, disponível na Globoplay.
De início eu me interessei pela série por causa do ator Júlio Andrade, cujo trabalho aprendi a admirar assistindo aos capítulos de “Sob Pressão”, também disponível na Globoplay.
Minha expectativa foi superada, em muitos aspectos! A série desperta vários sentimentos. Ela emociona do início ao fim; faz rir, faz chorar, faz se indignar e traz ainda alguma esperança ao deixar claro que a mobilização da sociedade em prol de alguma pauta tem grande potencial de transformar e somar.
Além disso, há muitos aspectos da vida de Betinho que são apresentados de maneira extremamente sensível, mostrando seu lado humano e, portanto, falível. Ao mesmo tempo assistimos sua transformação de um menino doente e tuberculoso em um mobilizador de ações sociais e trabalhos de pesquisa para o combate à fome, questão ainda tão presente em nosso país.
A narrativa traz momentos importantes da história do Brasil, que se entrelaçam com a história de vida do próprio personagem que dá nome à série.
A trilha sonora é caprichada, trazendo ainda mais potência e emoção a algumas cenas.
Uma bela homenagem a um brasileiro que lutou contra a prática de qualquer tipo de injustiça, notadamente quando praticada em detrimento de pessoas em situação de vulnerabilidade social.
Ficha
Betinho, no Fio da Navalha
Diretor: André Felipe Binder
Elenco: Júlio Andrade, Humberto Carrão, Ravel Andrade, Leandra Leal, Walderez de Barros, Sílvia Buarque, Antônio Haddad e Andréia Horta
Produção de 2023
MAESTRO
“Maestro” acaba de entrar no catálogo da Netflix e foi recém exibido nos cinemas. Dirigido por Bradley Cooper e também por ele estrelado, o filme nos traz a biografia de Leonard Bernstein, maestro, compositor e pianista norte-americano que fez história na música.
O filme foi muito bem recebido pela crítica especializada e deve concorrer a vários prêmios, já tendo sido indicado às principais categorias do Globo de Ouro e do Critics Choice Awards de 2024.
A narrativa do filme se concentra no conturbado relacionamento de Leonard com a esposa Felicia Montealegre (interpretada por Carey Mulligan ), com quem teve três filhos. Um amor difícil de ser compreendido ou mesmo decifrado pelo casal, que tinha uma relação complicada para ser sustentada, notadamente por Felícia, que precisou passar por cima dos diversos casos extraconjugais mantidos pelo marido, inclusive com outros homens.
O filme fala sobre a possibilidade dos verbos “sentir” e “amar” poderem assumir proporções sem contornos ou medidas cabíveis em alguma métrica ou mesmo dentro do conceito tradicional de “família “, eis que inseridos dentro de um contexto maior, que foi a própria arte de Leonard Bernstein.
Ficha
Maestro (Maestro)
Diretor: Bradley Cooper
Elenco: Bradley Cooper e Carey Mulligan
Produção de 2023
FRANTZ
François Ozon é um diretor francês com muitos filmes no currículo, como “O Amante Duplo’ (2017 ), “Graças a Deus” ( 2018 ) e “Está Tudo bem” ( 2021 ), dentre outros. Em todos é possível notar a tentativa do diretor de mergulhar na alma humana, esforçando-se para desvendar um pouco alguns comportamentos e também desejos com os quais temos dificuldade em lidar, ou mesmo aceitar.
O filme franco-alemão “Frantz” nos traz a história de Anna, uma jovem alemã que perdeu o noivo (cujo nome dá título ao filme ) durante a Primeira Guerra. Ela visita praticamente todos os dias o túmulo do rapaz, de forma solitária, até ser surpreendida pela presença no local de um jovem de nacionalidade francesa, Adrien Rivoire. Curiosa para melhor entender a relação entre Adrien e Frantz, o noivo morto, surge em Anna o intenso desejo de se aproximar de Adrien, que de alguma forma lhe ajudava no processamento do próprio luto, resgatando memórias, lembranças e informações sobre momentos da vida de Frantz antes de sua morte.
Inebriada com as histórias trazidas por Adrien, nasce em Anna um sentimento pelo rapaz, que precisará encontrar algum lugar em uma história cujo desenrolar trará uma série de mistérios, delicadezas e surpresas.
Fica evidente na narrativa a dificuldade não só de Anna, mas também dos pais de Frantz em lidar com a dor trazida pela morte do filho durante a guerra, e a necessidade inerente a cada um de nós em processar nossas próprias dores, buscando muitas vezes na construção de uma fantasia a única possibilidade de lidar com a verdade e minimizar todo o sofrimento psíquico que ela pode representar.
Disponível na Prime Video.
Ficha
Frantz (Frantz)
Diretor: François Ozon
Elenco: Paula Beer e Pierre Niney
Produção de 2016