O MPRJ obteve a condenação da ex-deputada federal Flordelis dos Santos a 50 anos e 28 dias de prisão, como mandante do assassinato do marido, o pastor Anderson do Carmo. A Promotoria de Justiça junto à 3ª Vara Criminal de Niterói atuou no Júri, que terminou no domingo (13).
O crime foi cometido em junho de 2019, quando o pastor foi morto a tiros em frente à residência da família, no bairro de Pendotiba, em Niterói, na Região Metropolitana do Rio, pelo filho biológico da ex-deputada, Flávio dos Santos Rodrigues. Flordelis foi condenada em todas as imputações a que respondia, pelos crimes de homicídio triplamente qualificado e tentativa de homicídio duplamente qualificado, além de uso de documento falso e associação criminosa armada.
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O promotor de Justiça Carlos Gustavo Coelho de Andrade contou que devido à complexidade do feito, com mais de 40 mil páginas e mais de uma centena de horas de depoimentos gravados em vídeo, a preparação demandou tempo e o próprio plenário se alongou por sete dias, nos quais os trabalhos se iniciavam às 9h e se encerravam por volta de 22h/23h, estendendo-se no último dia de 9h de sábado, quando iniciados os interrogatórios, às 9h de domingo, quando foi lida a sentença.
Entre as provas coligidas ainda havia cerca de 50 mídias relativas à extração de dados de celulares, alguns de até 75GB, recebidos poucas semanas antes da data do plenário, e cuja análise nem sempre era compatível com a capacidade dos laptops funcionais, que por vezes travavam e tinham de ser reinicializados.
“Foi um trabalho hercúleo tocar adiante o estudo e análise de feito desta complexidade, até porque não dispúnhamos de membros afastados para tal finalidade nem de estrutura adequada de apoio. Ainda assim, constituímos informalmente uma equipe, via auxílio da Coordenadoria de Movimentação, e com esforço e afinco, conseguimos fazer justiça e condenar a ex-deputada federal Flordelis, mandante e líder da associação criminosa, e seu braço-direito, a filha biológica Simone”, concluiu o promotor, enaltecendo, ainda, o papel da Coordenação da DEIC na análise das mídias dos celulares e da assessora e do estagiário do órgão na sistematização e minutagem do material em vídeo.
Junto a Flordelis, o júri popular também condenou a filha biológica da ex-deputada, Simone dos Santos, a 31 anos e quatro meses de prisão, por homicídio triplamente qualificado, tentativa de homicídio duplamente qualificado e associação criminosa armada. Outros três acusados, Rayane dos Santos, neta biológica da ex-deputada, e Marzy Teixeira e André Luiz de Oliveira, filhos adotivos de Flordelis, foram inocentados.
Para outro integrante da força-tarefa, o promotor de Justiça Décio Viégas de Oliveira, as decisões para Flordelis e Simone foram justas, enquanto as demais não. Segundo ele, agora o momento é de analisar “quais pontos vão ser levantados no recurso, e isso está sendo discutido com muita calma. O julgamento foi muito longo, muito extenso, a imprensa queria uma posição logo depois do júri, mas estávamos muito cansados. Mas isso está sendo discutido com calma para a gente ver todos os pontos que vão ser atacados no recurso”.
O MPRJ deve recorrer da decisão nos próximos dias, assim como a defesa. A promotora de Justiça Mariáh Paixão indicou que o recurso ainda está sendo estudado, bem como os próximos passos do processo. Segundo ela, “a defesa deve recorrer em relação às condenadas; o MP também tem o prazo para recurso, nós vamos recorrer. Estamos estudando a extensão desse recurso. O processo sobe, então, para a segunda instância, seja para revisão das penas fixadas, seja para determinação de que os réus sejam submetidos a novo julgamento, caso o tribunal considere haver nulidades ou ter sido o veredicto manifestamente contrário à prova dos autos”.